O Projeto Coleção Memória Didática é uma realização da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, em parceria com o Laboratório de Tecnologias Educacionais da Escola de Belas Artes da UFMG. É o resultado do processo de conservação e digitalização do acervo audiovisual, em película, adquirido com o apoio do Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar – PABAEE.
O PABAEE originou-se do acordo assinado entre Brasil e Estados Unidos, foi implementado entre 1956 a 1963, no Instituto e Educação de Minas Gerais, com vistas à melhoria da qualidade da formação de professores para o ensino primário, bem como, minimizar o analfabetismo, a evasão escolar e incentivar a produção de materiais didáticos.
Ao final de agosto de 1963, o governo dos EUA comunicou a decisão de findar sua contribuição para o Fundo que financiava o Programa. No mês seguinte, as ações do PABAEE foram integradas ao Centro Regional de Pesquisa Educacional de Minas Gerais - CRPE-MG, uma iniciativa do diretor do INEP, Prof. Anísio Teixeira.
Posteriormente, o CRPE- MG passou a denominar-se Centro Regional de Pesquisas Educacionais João Pinheiro - CRPEJP, um tributo ao Instituto João Pinheiro, por ter possibilitado a conexão entre educação, trabalho e desenvolvimento.
Em 1973, o MEC transfere o CRPEJP para o Departamento do Ensino Fundamental, transformando-o em Centro de Recursos Humanos João Pinheiro – CRHJP, subordinado diretamente ao Departamento de Ensino Fundamental da Secretaria de Ensino de 1º e 2º graus - SEPS.
Após 1978, dentro do contexto de reorganização administrativa do MEC e das transformações políticas educacionais do período, as funções e objetivos do Centro de Recursos Humanos João Pinheiro foram redefinidas. Em 1983, o CRHJP integrou-se à Fundação de Assistência ao Educando – FAE, instituição autônoma, encarregada de exercer ações de desenvolvimento de recursos humanos, produção de material voltado para a divulgação e aplicação de conhecimentos relacionados à assistência ao estudante, que por meio do Decreto 81.454, de 17 de março de 1978, cria a Secretaria de Ensino de 1º e 2º Graus (SEPS) e para ela transfere as funções e acervos dos antigos Departamentos de Ensino.
No início da década de 90, o acervo da valiosa biblioteca do CRHJP, composto por informações educacionais produzidas pela instituição, obras raras, livros didáticos, teses, videoteca, revistas, artigos em periódicos, filmes, memória técnica de programas implementados e outros, foi transferido à biblioteca do Centro de Referência do Professor – CRP, vinculado à Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais.
Sob a guarda do CRP, o vasto material produzido pelas equipes educacionais do convênio constituiu durante décadas, numa importante fonte de pesquisa e de reflexão às políticas educacionais. O reconhecimento do relevante valor histórico e educacional de parte do acervo, composto por 316 filmes de 16 mm, em película e a necessidade de preservar o seu estado original, resultaram no Projeto “Coleção Memória Didática”- uma proposta de preservação, acondicionamento com base nos conceitos da ciência da conservação e nas novas mídias.
A modernização do formato desses filmes demandou um intenso trabalho de uma equipe multidisciplinar, cujo processo de restauração foi realizado em três etapas:
A primeira etapa consistiu em dar um tratamento adequado para a guarda do acervo audiovisual de 16 mm, em película, visando interromper o processo acelerado de deterioração em que os filmes se encontravam. Para isso, se fizeram necessários procedimentos de inventário, higienização, armazenamento e arquivamento.
A segunda etapa consistiu na identificação do acervo, selecionando, classificando e cadastrando cada rolo de filme. Criou-se um sistema de diagnóstico sobre as condições físicas do suporte.
Na terceira etapa, os filmes foram digitalizados e seus conteúdos mapeados, de forma a criar um banco de dados com informações sobre os aspectos didáticos e históricos dos filmes. Os filmes restaurados e digitalizados foram organizados tematicamente e disponibilizados em uma série de 22 (vinte e dois) DVDs.
O processo de conversão dessas películas, em formato digital, representou uma boa opção para minimizar os efeitos provocados pela deterioração. Não como recurso definitivo, porque a mudança de tecnologia é fato e o espaço de tempo tem demonstrado que ela vem ocorrendo de forma rápida. Assim como a película se tornou vulnerável, também a informação digital se tornará obsoleta. Em médio ou longo prazo, impossível prever se todas as tecnologias irão coexistir. Contudo, o que torna um bem durável é a consciência de sua preservação que deve ser legada às gerações futuras. Nesse sentido, a Coleção Memória Didática resgata um significativo acervo histórico para a educação mineira, tornando possível ao usuário acessá-la por meio das novas tecnologias da informação e comunicação.
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