"A alegria de Gerson" Em uma casa muito simples, moravam dona Ana e "seu" Flávio, com 4 filhos. O mais velho era o Gerson, que estava com 9 anos de idade. "Seu" Flávio estava doente e não podia se levantar da cama. Por isso, dona Ana trabalhava como lavadeira para manter a casa, comprar os remédios, a comida e agasalhos para o marido e os filhos.
Gerson era quem mais ajudava a mamãe. Tomava conta dos irmãos menores. Fazia também a entrega de roupas para as freguesas. Às vezes, ficava na esquina do armazém com uma caixa de engraxate, limpando os sapatos das pessoas para ganhar algum dinheiro. Ele era esforçado, trabalhava com alegria e estava sempre sorrindo, mostrando os dentes brancos e cantando as canções que aprendia na escola ou com a mamãe. Era ele que, à tardinha, dava banho nos irmãos e dizia: - Vamos, garotada! Está na hora de tirar a sujeira! Gerson deixava-os limpinhos e com a roupa trocada, e isso alegrava muito dona Ana. Quando um irmãozinho ficava doente, era ele que marcava direitinho as horas de dar o remédio, verificar a febre e, fazia tudo tão cuidadosamente, que parecia mesmo um doutorzinho. Enquanto isso, sua mãe estava no tanque, lavando as roupas das freguesas. Com todas essas ocupações, Gerson achava tempo para tudo: brincar, trabalhar e estudar. Sua família, às vezes, passava dificuldades, quando o dinheiro de dona Ana era gasto em remédios para o "seu" Flávio, que parecia já estar mehorando. O tempo foi passando e se aproximando o Natal, quando as lojas ficam enfeitadas e quase todas as crianças esperam um presente ou uma surpresa. Mas, dona Ana não podia comprar nem enfeites nem doces, bolos ou presentes para seus filhos, no Natal. Na véspera de Natal, ela chamou o filho mais velho e disse: - Gerson, por favor vá entregar essas roupas à dona Geni e veja se ela pode adiantar o pagamento. - Pois não, mamãe. Já estou indo... Pelo caminho, Gerson pensava: "O dinheiro que vou receber é pouco e o Natal é amanhã. Mamãe não poderá comprar enfeites, bolos, nem brinquedos..." Quando chegou à porta, bateu e foi atendido por uma senhora. - Dona Geni, vim trazer a roupa que a senhora mandou lavar. - Entre Gerson, venha cá até a sala. Ao chegar à sala, viu uma mesa enorme, toda enfeitada com pratos e salgadinhos e até umas bolas coloridas!... - Que beleza! Nunca vi coisas tão bonitas!... - Pegue, Gerson. Sirva-se do que quiser - falou Dona Geni. -Não, muito obrigado... Dona Geni insistiu para que ele se servisse, mas o pensamento do menino estava em casa: nos irmãozinhos e nos pais, que gostariam de comer aqueles doces gostosos. Gerson preferia ficar sem experimentar um doce sequer, a comer sem levar nada para os seus. Enquanto esperava Dona Geni voltar à sala, ele pensou: "Será que ela se lembrará de dar o dinheiro da roupa? E se ela esquecer? Se ela der, poderemos ter um Natal melhor..." Quando Dona Geni apareceu, trazia nas mãos um pacote bem grande com um lindo laço colorido. - Gerson, leve este pacote para casa. "Como pesa! O que haverá dentro?" - pensou o garoto. Dizendo "muito obrigado" e desejando Feliz Natal à Dona Geni, Gerson tomou o caminho de volta. Com o coração cheio de alegria, tentou correr para chegar mais depressa, porém não conseguiu, devido ao peso do pacote. Como sua família ficaria feliz com aquele presente! Ao chegar em casa, a surpresa foi geral e a alegria da família, enorme. Foi uma festa, todos ajudaram a abrir o pacote. Foi a mamãe quem tirou a surpresa da caixa: - Oh! Um lindo bolo de chocolate! - Há mais coisas, papai, ajude-me a tirar! Uma bola! Um trenzinho!... - Uma boneca! Um caminhãozinho!... - disse a irmãzinha. Todos cantaram e comeram uma fatia do bolo que Dona Geni tinha dado. A mamãe pediu a Deus que abençoasse a boa senhora. E assim foi feliz o Natal de Gerson! (Adapatação feita pelo Departamento da Infância e Juventude da Federação Espírita do Estado de São Paulo)
*********************************************************************************
"As Palavras Mágicas"
Dona Paula estava muito preocupada com seu sobrinho Gilberto, que havia chegado de fora há pouco dias. Não que ele fosse um menino desobediente, nem um menino muito travesso. Não era. Pelo contrário, obediente e bem comportado.
Mas, Gilberto não era um menino amável, atencioso... Nunca dizia "muito obrigado" a ninguém, não cumprimentava as pessoas, nem pedia as coisas com delicadeza.
Se entrava num taxi com a titia, embora ela cumprimentasse o motorista com gentileza, ficava em silêncio ou então ordenava:
- Ande ligeiro! Bem depressa!...
Se andava num elevador, empurrava os outros e nunca pedia licença. Não era gentil com ninguém.
Resultado: o dono do armazém nunca lhe dava uma bala, o que costumava fazer com as outras crianças; os motoristas de taxi não olhavam para ele com simpatia; e as pessoas que encontravam no elevador não lhe diziam uma palavrinha gostosa ou, pelo menos lhe davam um sorriso amável.
Natural, pois, que titia Paula andasse preocupada.
Um dia, Gilberto entrou na cozinha e viu que a tia estava se preparando para fazer um bolo. Então disse logo:
- Eu quero um bolo só para mim.
- Pode ser... respondeu a tia Paula - Mas, ante, você terá que dizer umas palavras mágicas. Se você disser, eu farei o bolinho.
Gilberto ficou pensando que palavras mágicas seriam estas. Mas, logo se lembrou de uma estória que vovô havia lhe contado. Por isso, gritou:
- Abracadabra! Abracadabra!
- Não, não são estas as palavras mágicas – disse a tia, sorrindo.
- Não?? - Gilberto pensou, pensou...
- Balabalabla! Balabalabla! - tornou a gritar.
Dona Paula sacudiu a cabeça.
- Não, também não são estas.
- Dipo dipodóclus! Dipo diodóclus!
- Não, não! – disse ainda a tia, achando graça das invenções do sobrinho.
Gilberto não sabia o que dizer. Pensou... pensou... Então, desanimado pediu:
- Por favor, tia Paula, quais são as palavras mágicas?
E muito surpreendido, ouviu a titia dizer:
- Viva! Você já disse as palavras mágicas. Pronto! Vou fazer um bolinho só para você.
O menino ficou admirado. Depois, lembrou-se. E, muito contente, falou:
- "Por favor"... então são estas as palavras mágicas, que conseguem tudo?
Tia Paula disse que sim e ensinou ainda outras palavras mágicas que fazem com que todo o mundo gosto da gente.
Gilberto ouviu tudo com muita atenção e prometeu não se esquecer mais das tais palavras mágicas. E começou a cumprir sua palavra, pois quando a tia lhe deu um lindo bolinho, bem cheiroso, ele, muito gentil, falou, sorrindo:
- Muito obrigado, tia Paula. Muito obrigado!
|